A Violência tem entrado em nossas vidas sem pedir licença! Ameaças, agressões físicas e verbais, abusos, intolerância, entre outros, têm sido cada vez mais comuns em diversos espaços sociais, inclusive na escola. Enfrentar esta realidade não é tarefa fácil para nós educadores, pois todos os tipos de violência vêm se disseminando sem se limitar a determinados espaços, classes sociais ou faixas etárias.
Sabemos que a violência é tão antiga quanto o surgimento da humanidade, pois na História existem vários exemplos de resolução desses problemas e questões, por meio de batalhas e duelos. Com o tempo, e o amadurecimento da sociedade, essas práticas tornaram-se repudiadas. Entretanto, hoje, a violência como forma de resolver os problemas, volta a nos assombrar em um contexto diferenciado da História.
O que tem provocado atualmente tantos episódios de violência?
Podemos dizer que a Violência não é fenômeno isolado, pois muitos são os fatores que influenciam nestas práticas. Na sociedade em que o ter vale mais do que o ser, perde-se valores fundamentais como o valor da vida e o respeito mútuo.
Diante disso, nós como educadores precisamos recuperar os valores que foram se perdendo com o tempo e mostrar para nossos alunos que o respeito às diferenças é fundamental para o convívio em sociedade. Sejam diferenças culturais, étnicas, de raça, gênero, etc, todas precisam ser respeitadas.
E como trabalhar com essas diferenças?

E a violência pode ser abordada no currículo escolar?
As práticas violentas devem ser também, objeto de atenção e tratamento curricular?
Tópico 2: A violência pode ser tema do currículo escolar?
Será que práticas pedagógicas em que os alunos conheçam diferentes culturas, em que expressem suas opiniões, conhecendo um ao outro, podem ajudar a reforçar o respeito às diferenças?
Violência na escola
Sabemos que a escola recebe esta e todo tipo de violência, mas não podemos reproduzi-la, é preciso saber conduzir as ações. Aproximando-se do aluno e de sua realidade pode ser uma alternativa para ajudar a reduzir ações de violência. Para Charlot (2002), o fato de a comunidade escolar trazer problemas externos aos muros da escola, e pelos alunos não gostarem da forma que são tratados por professores e funcionários da escola contribui para a violência escolar. Trata-se de uma violência, simbólica, instituída de diversas formas no ambiente escolar, tais como pelo modo de composição das classes, atribuição de notas, orientação, palavras grosseiras, etc.
A violência na escola torna-se consequências de agressões internas e externas à escola, assim como do próprio fracasso escolar, da falta de interesse em permanecer na escola, o conteúdo alheio aos interesses dos alunos. Preconceitos e desvalorização do professor são formas de violência simbólica que motivam a outras formas de violência. Essa violência sem o uso da força impulsiona a gerar casos de indisciplina (PRIOTTO, 2011).
Abramovay (2006) aponta que na escola o que mais se destaca como violência são transgressões a regras, seguidas de atos de agressão e incivilidade. Além disso, essas transgressões são permeadas por agressões verbais e ameaças a professores e funcionários.
Sabemos que a realidade atual gera um sentimento de insegurança na escola, pois como menciona as autoras Abramovay e Rua (2002), o narcotráfico e a presença de gangues também faz parte do contexto educacional brasileiro. E o que fazer diante disso? A polícia tem que entrar na escola quando a violência é dura, quando existe drogas e armas dentro da escola. Caso contrário, não existem nenhum sentido de a polícia estar dentro da escola. A escola precisa ter autonomia para resolver seus problemas, sendo que a Polícia deve ser acionada em casos de violência dura (armas e drogas) e o Conselho Tutelar do município em casos de maus tratos, abandono e abusos de menores.
REFERÊNCIAS:
ABRAMOVAY, M.; RUA, M. G. Violência nas escolas. Brasília: UNESCO, 2002.
BERTON, D. R. Cultura escolar e Indisciplina: um olhar sobre as relações na instituição educacional. 2005. 226 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista "Júlio De Mesquita Filho", Rio Claro, 2005.
CHARLOT, B. A violência na escola: como os sociólogos franceses abordam essa questão. Sociologias, Porto Alegre, ano 4, n. 08, p. 432-443, jul/dez 2002.
DEBARBIEUX, E. Violência na escola: um desafio mundial? Lisboa: Instituto Piaget. 2007.
ELIAS, Maria Auxiliadora. Prevenção da violência escolar e implicações para o currículo. XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino -
UNICAMP - Campinas – 2012. Disponível em: < http://www.infoteca.inf.br/endipe/smarty/templates/arquivos_template/upload_arquivos/acervo/docs/3531b.pdf> Acesso em: 06/09/2016.
MARTINS, E. F. Violência na escola: concepções e atuação de professores. 2005. 147 f. Dissertação (Mestrado em Educação: Psicologia da Educação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.
PEREIRA, Maria Auxiliadora. Violência nas escolas: visão de professores do ensino fundamental sobre esta questão. Dissertação de Mestrado. Ribeirão Preto, 2003.
PRIOTTO, Elis Palma. Violência Escolar: Políticas Públicas e Práticas Educativas no Município de Foz do Iguaçu. Cascavel: EDUNIOESTE, 2011.
SUGESTÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR:
http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v18n68/02.pdf
http://novaescola.org.br/formacao/adolescentes-entender-cabeca-431429.shtml
http://www.rolim.com.br/2002/_pdfs/tropa_elite.pdf
http://rolim.com.br/2006/index.php (Marcos Rolim é um Jornalista que defende os direitos humanos e a cultura da paz. Neste site você encontrará leituras sugestivas sobre o tema)
http://unesdoc.unesco.org/images/0017/001785/178542por.pdf (Rolim, Marcos. Mais educação, menos violência: caminhos inovadores do programa de abertura das escolas públicas nos fins de semana / Marcos Rolim. – Brasília: UNESCO, Fundação Vale, 2008)
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_tematicos/tematico_violencia_vol1.pdf
Estratégias de prevenção à violência na escola
A violência pode ser trabalhada por meio de estratégias que visem proteger a escola de violências, tanto as de origem externa, quanto aquela que faz parte do contexto escolar. Escolas bem organizadas, com regras claras de comportamento, com segurança no seu exterior e interior, onde existe um clima de valorização dos alunos e dos professores, que possibilita espaços de diálogo, sentimento de pertencimento e poder de negociação entre os diferentes atores, podem mudar situações críticas de violência (ABRAMOVAY e RUA, 2002).
Abaixo segue algumas estratégias que podem ser úteis para reduzir a violência no espaço escolar.
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Escola aberta nos finais de semana, onde pais e comunidade possam participar e se envolver em atividades;
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Realizar atividades em que os pais também participem e ajudem na organização;
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A escola organizar um regimento escolar, com normas, sansões disciplinares, contratos. Elaborar tal documento com a participação dos pais;
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Realizar práticas de integração tais como atividades esportivas, gincanas, festas;
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Implementação de Projetos na escola que envolvam a conscientização e a participação dos alunos, pais e professores de outras diversas áreas.
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Realizar atividades de preservação do espaço escolar para que os alunos se sintam pertencentes ao ambiente, tais como multidões de limpeza e revitalização dos espaços;
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Eventos e seminários sobre temas como drogas, sexualidade, meio ambiente, etc.…com apoio de palestrantes externos como policiais, enfermeiros.
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Estimular a criação de um clube de mães para que os pais se sintam pertencentes a escola.
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Grupos de estudos, principalmente para aquelas disciplinas em que os alunos apresentam mais dificuldades com vistas a minimizar casos de reprovação.
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Criar um Grêmio estudantil para que os estudantes tenham maior representatividade e participação na escola
A participação de alunos e professores na elaboração e implementação do currículo torna-se essencial para que as estratégias de redução da violência escolar sejam elaboradas e implementadas no campo escolar.
Então professor, nossa tarefa é colocar a Matemática, as Ciências naturais, as Linguagens, e as Ciências Humanas a serviço disso! Portanto, precisamos ouvir e reconhecer quem é o nosso aluno e saber quais são o seus problemas...
O que precisa ser ensinado para reduzir a violência? Como articular no currículo escolar?
Sugestão de vídeos para estudo:
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https://youtu.be/AwtMj4jaqwU (reportagem com Mario Cortela)
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https://youtu.be/-XXTl5lwlWE (reportagem mães agridem professores)
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https://www.youtube.com/watch?v=zwPWYAuomkI (Por que crianças não obedecem ao não? Neurociência-fantástico)
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https://www.youtube.com/watch?v=kR1SK4LkKqE (Programa Momento IBPEX - "Como a neurociência contribui para entender os adolescentes")
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https://www.youtube.com/watch?v=pYqtKvO-gok (Palestra "Violência na Escola - Enfrentamento e Prevenção")
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Vídeos sobre a cultura da paz
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https://www.youtube.com/watch?v=Izme8ty0zAc (vídeo 1/3)
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https://www.youtube.com/watch?v=akl_MyOknNI (vídeo 2/3)
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https://www.youtube.com/watch?v=OxU93Ole7kY (vídeo 3/3)
QUESTÕES PARA REFLEXÃO:
- Quais os principais motivos de conflitos entre professores e alunos?
- Quais os motivos da violência escolar?
- Considerando o currículo escolar como principal aliado na prevenção da violência na escola e também fora dela, que ações você considera fundamental para combater a violência escolar?
- Uma das melhores formas de se aproximar dos jovens é fazer parte do mundo deles. Como você pode se aproximar dos seus alunos e conquistar seu respeito e admiração?
-Se você tivesse que criar um Projeto Preventivo e elaboração das orientações gerais de prevenção e intervenção contra a violência na sua escola, como faria?
Clicle no arquivo PDF e terá as instruções das atividades. Também terá o conteúdo deste tópico do Curso para imprimir.
Agora que você já realizou as leituras, e assistiu aos vídeos é hora de colocar a mão na massa!
Vamos lá! Realize as atividades!
Vamos passar para o segundo momento de aprendizagem deste tópico?